hoje quem escreve e o Thiago Matheus;
Drummond escreveu em seu poema “O Lutador”:
“Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.”
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.”
Todo artista é um lutador que luta com sua arte, seja ela
qual for. Drummond em seu dia-a-dia enfrentava a vida com sua palavra, assim
como um violinista tece melodias ao vento através de seu instrumento e um
pintor, com suas cores, embeleza o mundo em seu lavor.
Neste mundo moderno que nem sempre é terno, em que muitos
gritam aos ventos até os últimos alentos: “a Arte está morta!”, os artistas têm
que lutar ferrenhamente e nadar contra a corrente para demonstrar sua arte sem
medo de que, eventualmente, apontem-lhes um dedo.
Rimas à parte – até porque rimar depois do Drummond somente
por gracejo –, uma coisa é certa: o sistema educacional atual (já aviso que é um
problema global) não promove a arte com seriedade. Aparentemente, arte é
entretenimento para crianças na escola ou um hobbie, não uma profissao. Pergunte
a um José qualquer na rua qual ofício é mais importante, o de um advogado ou de
um ator; dou-lhe 80% de probabilidade de votarem no advogado – e depois chegarem
em casa para ligar a tevê em sua novela favorita a alegrar o dia e relaxar a
mente – um afago para a alma no estresse da corrida diária.
Pois a pesar dos pesares, a arte segue aí. As pessoas seguem
indo ao cinema, comprando belos quadros, cantando suas músicas favoritas, até
porque não poderiam viver sem fazê-lo. Não importa o quão difícil seja viver da
arte numa sociedade que celebra a futilidade e a hipocrisia (novamente digo,
basicamente a maioria das sociedades mundiais), o artista é livre; não precisa
seguir moldes ou protelar através da vida em um trabalho do qual não sente
prazer – e isto causa uma certa inveja. Não é um caminho fácil, mas tudo que é
bom na vida denota um certo grau de dificuldade e, afinal de contas, os
empecilhos estão para serem vencidos. Porque quem não desiste da luta, vence.
Porque o artista é um lutador.
Minha sincera homenagem a todos os artistas que acalentam
almas como a minha, em tantos momentos da vida – vocês são um
espetáculo.
Este e um espaco aberto a todos os que quiserem falar e comentar...
-
|